quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vida e obra de Gustav Klint.


Biografia - Gustav Klimt (1862-1918)
Fantasias douradas

Em 1894, ao receber a incumbência de pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena, o artista Gustav Klimt provocou escândalo. Os professores e diretores da Universidade de Viena ficaram chocados. Acharam que aquilo era uma provocação, um emaranhado caótico e sem sentido de imagens, algumas delas supostamente beirando a pornografia. Ao representar as figuras da Filosofia, da Medicina e da Jurisprudência -- os três cursos da Universidade --, Klimt deixara de lado o estilo que o consagrara até ali. Entre outras obras, ele já havia assinado a decoração do teto e das escadarias laterais do imponente Teatro Municipal de Viena, além de ter finalizado o projeto de decoração do Museu de História da Arte da cidade. Era, portanto, quase uma espécie de muralista oficial, filiado à Sociedade dos Artistas Vienenses. Mas, dessa vez, nos painéis da Universidade, lançara mão de alegorias inusitadas, em que corpos nus femininos eram apresentados em poses tidas como obscenas, enquanto os rostos, com olhos semicerrados e bocas entreabertas, passavam um ar de lascívia e de uma mórbida sensualidade. Sem falar que, ao abandonar o olhar realista e adotar os maneirismos da art nouveau, Klimt provocou duplo espanto entre os tradicionalistas. Em 1906 conheceu Egon Schiele em cuja obra exerceu grande influência. A polêmica teve início em 1900, quando Gustav Klimt, já rompido com a conservadora Sociedade dos Artistas Vienenses, passara a dirigir uma entidade dissidente, a Secessão de Viena. Em uma exposição patrocinada pelo novo grupo, exibiu o primeiro dos três painéis, A Filosofia. Alvo de acirradas controvérsias, prosseguiu no trabalho durante mais alguns anos, aem 1905 retirou os painéis e devolveu seus honorários , após receber uma saraivada de críticas que extrapolou os muros da Universidade e reverberou na imprensa local.. O último painel, A Jurisprudência, foi concluído somente em 1907. Livre das amarras oficiais, Klimt deu prosseguimento a sua carreira com uma dose ainda maior de liberdade. Deixou a Secessão para, com outros colegas, fundar o chamado Grupo Klimt. Apesar do escândalo dos painéis para a Universidade, tornou-se o artista predileto da sociedade local, destacando-se como um retratista original, especializado em pintar rostos femininos envoltos em uma esmerada ornamentação, o que viria a se tornar uma marca registrada. Seus trabalhos mais famosos pertencem à chamada "fase dourada", na qual mais uma vez retratou preferencialmente mulheres, de forma quase figurativista, mas em que as figuras humanas são adornadas por espirais, arabescos, pequenos objetos e formas geométricas. O aspecto naturalista das mãos e corpos contrasta com o fundo exuberante e fantasioso. Barbudo, na maioria das vezes envolto em uma túnica escura sem colarinho, Gustave Klimt tornou-se uma figura exótica, célebre por seus muitos casos amorosos. Ao longo de muitos anos tentou, sem sucesso, ser admitido na Academia de Arte de Viena. Só em 1917, aos 55 anos, recebeu o devido reconhecimento, ao ser eleito membro honorário daquela entidade. Não houve tempo, contudo, para desfrutar de tal homenagem. No início do ano seguinte, em janeiro, sofreu um ataque de apoplexia e morreu quase um mês depois.


Curiosidades

  • Trabalho por encomenda
    No início da carreira, Gustav Klimt trabalhava junto com um de seus irmãos, Ernst. Ainda rapazes, ao entrar na Escola de Artes Aplicadas de Viena, os dois conheceram um outro jovem artista, Franz Matsch, de quem se tornaram amigos e parceiros profissionais. Ao deixar a escola, o trio montou um estúdio particular em sociedade e começou a receber encomendas. Gustav, Ernst e Franz fizeram alguns trabalhos de painéis decorativos em mansões na cidade até surgir o primeiro grande convite: decorar as escadarias e o teto do Teatro Municipal de Viena.
  • Exposição triunfal
    Após romper com a Sociedade dos Artistas Vienenses e fundar a Secessão, Gustav Klimt e outros membros do grupo montaram, em 1898, uma exposição coletiva. Realizada na Associação dos Construtores de Jardins da cidade, o evento foi visto com desconfiança pelos críticos. Mas foi um sucesso de público e de venda. Cerca de 60 mil pessoas visitaram a mostra. E o volume de obras negociadas foi tão elevado que, com o dinheiro obtido, a Secessão conseguiu construir sua sede própria.
  • Destruídos pelo fogo
    Os controvertidos painéis pintados por Klimt para o auditório da Universidade de Viena renderam-lhe a acusação de "perverter a juventude". Infelizmente, a obra não sobreviveu para contar sua história. Em 1945, um incêndio a reduziu às cinzas. Dos painéis originais, restaram apenas algumas poucas fotografias, quase todas em preto e branco.
  • A prima
    Gustav Klimt era um mestre do desenho erótico. Na maior parte de seu trabalho em papel, vê-se mulheres em poses lânguidas, seminuas ou em trajes sumários. Uma de suas modelos favoritas era a prima Emilie Flöge, a dona de uma sofisticada loja de modas e com quem o artista manteve um longo romance, embora nunca tenha se casado com ela.
  • Painel milionário
    Em 1904, o milionário e industrial belga Adolphe Stoclet encomendou ao arquiteto vanguardista Joseph Hoffman a construção de um palácio em Bruxelas. Coube a Gustav Klimt a realização de um mural para a sala de jantar. Klimt concebeu então o painel "Árvore da Vida", no qual utilizou pastilhas douradas, pedaços de azulejos, mármore, metal esmaltado e até mesmo pedras preciosas.

Contexto histórico
Viena, epicentro cultural

Na virada do século 19 para o século 20, a cidade de Viena produziu uma extraordinária geração de pensadores e artistas. Entre eles, o pai da psicanálise, Sigmund Freud, o filósofo Ludwig Wittgenstein, os escritores Karl Kraus e Hugo von Hofmannsthal, os compositores Gustav Mahler e Arnold Schönberg. Seus nomes, junto com o de Gustav Klimt, ajudaram a compor e dar relevo ao epicentro cultural que os historiadores costumam chamar de "modernidade vienense".

Viena, capital da Áustria, viveu intensamente a transição entre os dois séculos, período caracterizado por um cenário de efervescência política, intelectual e ideológica, que teria visíveis desdobramentos na história européia das décadas subseqüentes, até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Era o momento em que assistia-se à derrocada definitiva de uma estrutura social baseada em uma aristocracia agrária e financiada por mercadores burgueses. Novas forças econômicas e políticas -- assim como novas reivindicações e demandas sociais -- surgiam no bojo da Revolução Industrial.

No mundo das artes, tem início a chamada Art Nouveau, essencialmente gráfica e decorativa, uma reação ao academicismo no qual estava impregnada a arte do século 19. O trabalho de Klimt se desenvolveu a partir da Art Noveau, mas evoluiu para um estilo pessoal, com assumida influência da arte da Antiguidade, especialmente egípcia e grega, mas também dos famosos mosaicos bizantinos.

No final da vida, Klimt aproximou-se da estética impressionista, inclusive tendo passado a se concentrar na pintura de paisagens. Mas suas experiências e ousadias formais, especialmente suas ornamentações recheadas de detalhes e motivos oníricos, em que os símbolos substituem a tarefa de retratar o mundo natural, abriram caminho para o abstracionismo, que marcará em grande medida as artes do século 20.


Sites relacionados
  • WebMuseum - Museu virtual com informações biográficas e imagens ampliáveis de várias obras de Klimt. Em inglês.
  • ArtCyclopedia - Localização das principais obras de Klimt, espalhadas em vários museus e galerias de todo o mundo. Em inglês.
  • Pintores famosos - Uma das poucas páginas com informações em português sobre o artista.
  • Folha Online - Veja tudo o que já foi publicado sobre Gustav Klimt na Folha Online.
  • Klimt.com - Site com informações biográficas e reproduções de obras do artista vienense. Em inglês.
  • Fundación Juan March – Site sobre exposição de Klint: "A destruição criadora" realizada na Fundação em outobro de 2006 à janeiro de 2007, com informações importantes sobre vida e obra do artista e links para exposições anteriores. Em espanhol.


Principais obras

1. Judite (1901) - A personagem bíblica que, recriada pelas mãos de Klimt, transforma-se em mais uma das "mulheres fatais" concebidas pelo artista.

2. Emile Flöge (1902) - Um dos muitos quadros que pintou tendo sua prima e amante como modelo.

3. O Friso de Beethoven (1902) – Inspirado na 9ª Sinfonia de Beethoven, composto em três tempos: A aspiração à felicidade, Forças Inimigas e Hinos à Alegria. Foi exposto na XIV Exposição da Secessão de Viena que foi em homenagem ao compositor.

4. A Árvore da Vida (1904) - Painel concebido para o Palácio Stoclet. Nele, destaca-se "O Abraço", uma das obras mais reproduzidas de Klimt.

5. Judite II (1909) - O artista revisita o tema da personagem do Antigo Testamento.

6. O Beijo (1911) - A obra mais famosa de Klimt, que imortalizou seu estilo único, com corpos humanos envoltos em intricadas e sofisticadas ornamentações douradas.

Fonte:  http://mestres.folha.com.br/pintores/20/

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